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Ditos e Não Ditos - By Martinha de Fátima Borba
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Sem categoria

Janelas. Paredes. Chaves.

10 de novembro de 2021 by Marta de Fátima Borba Nenhum comentário

Janelas. Só quem vive numa casa sabe o valor de uma janela.

Janelas. Só quem está na cadeia sabe o valor de uma janela.

Todos aspiram por ter uma bela vista.

Infelizmente, nem todos.

Há quem tenha como vista de sua janela paredes. Paredes pintadas, paredes com  tijolos a vista .

Paredes sujas. Paredes limpas. Mas paredes.

Aquelas que impedem ver o sol. A lua. As estrelas e os cometas.

Paredes de prisão literal.

Paredes de prisão emocional.

Benditas sejam as janelas que rasgam paredes. Cortam. Recortam. Abrem suspiros.

Abrem alívios para os pulmões. Para a alma e coração.

Janelas grandes , vista de um horizonte maior.

Janelas pequenas, vista de horizontes menores.

São janelas- oportunidades. Nelas, as condições de olhar e ver.

Precisam ser abertas, mesmo aquelas gradeadas não são capazes de inibir os raios de sol entrar.

As janelas gradeadas remetem às barreiras reais da vida.  Às vezes, as grades  se materializam em chefes de estado. Aqueles que trancam janelas. Negam o iluminismo da ciência e da arte. Mas estas, são janelas sem trincos nem cadeados. Abrem com facilidade.

A arte e a ciência mesmo “no escuro”,  no obscurantismo, abrem brechas para a humanidade respirar. São janelas de grandes horizontes .

A literatura, a música, a filosofia  são janelas do mundo. Não adianta querer por trancas nessas janelas.

Há um molho de chaves a nossa disposição! A chave do pensamento. A chave do sentimento. A chave da consciência que é a chave ninja.

A consciência, a chave ninja, abre qualquer janela.

Ela, a consciência, permite enxergar além das paredes, além dos muros, além das palavras obscuras, além, sempre além! Por isso há futuro.

Hoje, minha consciência me permite ver além das flores postas diante da janela.

As grades estão ali, para me lembrar o ontem com seus obstáculos e a necessidade permanente de expandir a consciência.

As flores estão ali, para me lembrar que o sentimento de amorosidade é uma janelinha carregadinha de amor. Sem essa janelinha, não adianta a chave ninja da consciência.

 

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Ação Política Pedagógica•Sem categoria

A Doutrina do Encantamento

7 de novembro de 2021 by Marta de Fátima Borba Nenhum comentário

O que é o encanto? Do latim  INCANTARE,  lançar um feitiço contra alguém, formado por prefixo in  em mais cantare,  cantar no sentido de emitir palavras mágicas. Com o tempo, mudou um pouco de sentido e passou para o sentido de seduzir, maravilhar.

Encantar, o poder de enfeitiçar.

Lembro-me de um colega professor que me questionou sobre a ideia de que o ato de ensinar e aprender é, antes de mais nada é um ato de encantar.

Ironicamente, questionava: – Então, o professor é um mero encantador, a ciência não importa, a cognição não importa. Aprende-se os truques dos mágicos e pronto, tornamo nos professores!!!                                  Vivi muito tempo intrigada com esse questionamento.

Ao mesmo tempo, não abandonei a ideia.

Baseada na minha história de encantamento pela leitura, sigo dizendo que o professor é sim, um encantador de ideias e.. ideais!!!

Muita na moda nos chamarem de doutrinadores. Não é doutrina. É encantamento.

O que seria de nós, humanos, sem a energia elétrica? Tomás Edson se encantou com sua lâmpada elétrica!!

O 14 BIS de Santos Dumont criou o encanto que é poder voar acima das nuvens!!!

E o que é o encanto pelo telefone? Graças ao encantamento de Graham Bell, hoje há tecnologia 5G !!!!

A lista é infinita de encantamentos por tudo que nos rodeia e que veio da dedicação obstinada de homens e mulheres na história toda.

Recentemente a cientista brasileira Jaqueline Góes de Jesus mapeou em 48 horas os primeiros genomas do coronavírus, foi momento de encanto. A ciência é um encanto.

Encanto pela vida.

Há alguns dias ouvi relato de ex aluna do ensino fundamental, agora aluna do ensino médio:

– Me encantei pelo magistério!!! Os professores do curso ensinam os encantos da vida.

É  outra professora que se formará no princípio do ensinar encantando.

O magistério é sim, a doutrina do encantamento.

Quer queiram ou não, os fascistas de plantão, seguimos a doutrina do encantamento.

Afinal, “o Ivo viu a greve” pelo encanto do grande  poeta Lêdo Ivo.

Afinal, a cantora sertaneja Marília cantou encantando a mulherada: SUPERA!!!

Afinal, a  ativista austríaca Greta encantou o mundo com o puxão de orelha aos líderes mundiais: -Parem de incendiar o planeta!!!

Que bom! Como há doutrina do encanto por todos os cantos.

A doutrina do encantamento é resistência!!!

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Vozes

O Casaco Vermelho

1 de novembro de 2021 by Marta de Fátima Borba 3 Comentários

 

O casaco vermelho é, nesse post,  o protagonista que revela uma história,  digamos, vermelha!

1970 era o ano. Eu tinha dez anos.

Inicio da mecanização das lavouras no Rio Grande do Sul.

Meu pai continuava com o plantio manual. Dedicava-se a remover as pedras de uma parte da lavoura, formando taipas e preparando o solo para ser arado com trator e poder mais tarde colher com colheitadeira. Em 1972,  comprou financiado pelo Banco do Brasil uma trilhadeira a “vencetudo” da SLC.

Foi a sensação! Vi o contentamento de meus pais e irmãos. Enfim, uma máquina para a lavoura . Esperança de obter um pouco mais de lucro com a colheita.

AH, as colheitas! Na época, a classificação do trabalhador rural da nossa região era o pequeno agricultor e e o granjeiro forte . Meu pai pertencia ao primeiro grupo. Cercado pelos lindeiros do segundo grupo. Portanto, dependia muito do maquinário deles. Precisava esperar o granjeiro colher toda sua lavoura para depois  colher a lavoura dos  pequenos agricultores. A espera era angustiante.

Presenciei muitas vezes a angústia de meu pai na iminência de perder seu produto, devido às chuvas e às enchentes frequentes. Os grãos apodreciam. As colheitadeiras, nem sempre reguladas, colhiam impurezas junto com os grãos.

As tais impurezas nos grãos era a dor de cabeça de meu pai , quando finalmente conseguia entregar a produção para dois grandes compradores, os únicos da região, temia o desconto das tais IMPUREZAS. Era o cartel do grão. Bem mais tarde surgiram as cooperativas. Rompeu o cartel. Hehehehe… criou-se outro!!!

IMPUREZAS? São elas, que farão o leitor  encontrar, nesse post, enfim, o casaco vermelho!

Terminada a colheita, produto entregue .  Meu pai ia a cavalo até o vilarejo, ou por vezes, ia de carroça puxado por dois cavalos,assim era possível levar meu irmão , que ia bem faceiro para a vila, onde ficava a loja comercial ltda. Trazia de lá, lata de querosene, saco de farinha, de açúcar e rolos de tecidos , que eram transformados em camisas pelas mãos de fada da irmã costureira.

Desta feita, volta ele com pouca coisa na mala de garupa. Cinco quilos de açúcar e um embrulho pequeno.

Sentou-se num banco rústico, que ele se dizia dono, esse é meu banco! Na sua ausência, disputávamos o assento. Lembro-me do seu rosto, nessa oportunidade, mais sério do que do costume, chamou me para seu colo. Corri faceirinha ao encontro do embrulho que ele me estendia. Abri. Era um tecido de lã,  vermelho. Aos meus olhos, pareceu vermelho brilhante.

_ É para você ! A Terezinha vai costurar um casaco bem chique!Vai precisar de forro, mas  ela ajeita um. Minha irmã Terezinha fez o casaco. O melhor casaco que já vesti em toda minha vida. O casaco vermelho.

Ouvi quando meu pai disse para minha mãe:

_ Acertei lá. Deu muita impureza nas sementes. Fiquei devendo. Trouxe o açúcar e o tecido para o casaco da Marta.

Meu pai ficou no vermelho, mas assegurou minha alegria e o abrigo para os dias de frio com o casaco vermelho. Usei-o, até as mangas encurtarem e os braços alongarem. Alongada, ficou também minha consciência.

O casaco vermelho me proporcionou a primeira tomada de consciência de classe.

A partir daí, descobri que há mais impurezas nesse mundo que se possa imaginar. Principalmente na vida dos trabalhadores desse país!

 

 

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