Um dos melhores poemas que já li retratando um ano novo ou  novo ano. Ah, esses efeitos de sentido!!! Um adjetivo posposto ao substantivo não tem o mesmo sentido do que adjetivo anteposto. Mário Quintana brincava com as palavras  como uma  criança brinca com seu brinquedo predileto. Com a permissão que a arte literária permite e  respeitando a autoria, transcrevo o poema de Quintana:

ESPERANÇA

Lá  bem no alto do décimo segundo andar do Ano

Vive uma louca chamada Esperança

E ela pensa que quando todas as sirenes

Todas as buzinas

Todos os reco-recos tocarem

Atira-se

E– ó delicioso voo!

Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,                                                                    Outra vez criança…

E     em torno dela indagará o povo:

— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?

E ela lhes dirá

( é preciso  dizer-lhes tudo de novo!)

Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:

__O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Pois bem, no Brasil da atualidade, todo dia uma louca chamada Esperança é obrigada a se atirar do mais alto do abismo…e anunciar de novo, devagarinho, ao povo:                                                                                                                                                                                                                                                    –  Sou uma meninazinha de olhos verdes ,  a  ES-PE-RAN-ÇA!!!!!!!!!

 

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Escrito por Marta de Fátima Borba
Seguir meu coração foi minha melhor escolha. Sou corajosa. Quero melhorar a cada dia, porque sei que não estou pronta. Preciso evoluir. O que faço ou aquilo que me acontece, tem o poder de mudar meu humor, mas como vou reagir a isso, eu decido de maneira consciente!