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Ditos e Não Ditos - By Martinha de Fátima Borba
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Não esqueceremos

22 de março de 2022 by Marta de Fátima Borba Nenhum comentário

Vou escrever na primeira pessoa do plural: NÓS! Por um princípio que norteia minha vida, que é a força do coletivo.

Não esqueceremos. Esquecer é verbo transitivo indireto, precede a preposição DE no complemento.

Lembrei me dos textos de Guimarães Rosa, quanto de forma proposital usava o verbo esperar sem complemento para que o leitor interagisse com o autor. “Havia velhos e velhas que esperavam.”( Conto Fita verde no cabelo)

Aqui, vou usar o verbo esquecer e convidar o leitor para participar da lista de complementos que julgar necessários a suas prioridades.

Não esqueceremos do assassinato de Mariéli  Franco, uma mulher negra, vereadora no Rio de Janeiro, uma voz para os esquecidos e  que seria uma liderança nacional logo ali.

Não esqueceremos da “boiada passou”  o fogo e o desmatamento da Amazônia aumentaram com chancela de um desgoverno.

Não esqueceremos da escolha de um ministro da economia banqueiro, especulador da alta do dólar em benefício próprio e causador da fome da mãe solo e de sua família.

Não esqueceremos dos negacionistas da ciência diante de uma pandemia avassaladora, como é a covid 19.

Não esqueceremos dos censores da filosofia, da sociologia e da história.

Não esqueceremos do gabinete do ódio com sede em Brasília, instalado dentro no Planalto.

Não esqueceremos da  predileção pelas armas e não aos livros.

Não esqueceremos da censura a filmes, a exposições de arte, à cátedra do professor, à voz do jornalista.

Não esqueceremos de atitudes e falas racistas, homofóbicas, misóginas…( as fraquejadas)!!!

Não esqueceremos da mudança na legislação do mercado regulador da segurança alimentar do país, abriu-se a porteira para o mercado externo e a consequência foi a alta nos preços dos alimentos .

Não esqueceremos do preço do gás. Da mãe que queimou a madeira da cama para fazer fogueira e cozinhar para alimentar a família.

Não esqueceremos da venda das plataformas de petróleo aos especuladores estrangeiros.

Não esqueceremos das crianças, que retornaram nos últimos quatro anos, vender balas no semáforo.

Não esqueceremos da reforma trabalhista, que retirou inúmeros direitos conquistados pela classe trabalhadora.

Não esqueceremos das tentativas de golpe,  propondo o fechamento do STF  e da apologia à ditadura militar.

Não esqueceremos do uso da palavra do livro sagrado para justificar maldades.

Não esqueceremos de que somos trabalhadores explorados. Não esqueceremos do lugar que ocupamos na pirâmide social. E, é  bom não esquecermos ou fingirmos ocupar outro lugar, sob pena de sermos co-atores de um futuro muito incerto para o Brasil.

Não esqueceremos o horror da guerra, como esqueceram alguns os ímpios dirigentes da Europa.

Não esqueceremos de…

Vocês complementam.

Acrescentem no carrinho da memória. Ela move a história.

 

Tempo de Leitura: 2 min
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Os enunciados mais usados nas redes sociais : meus sentimentos, sinto muito, paz e luz, meu abraço fraterno…gratidão…parabéns!!!

4 de dezembro de 2021 by Marta de Fátima Borba Nenhum comentário

Há relutância em escrever sobre um tema que é muito caro para todos: a morte. Mas é um tema necessário. Falar e escrever sobre a morte é assunto que circula em todas as redes sociais, sejam elas online ou presencial.

A pandemia potencializou essa temática.

Agora, com a chegada do natal e  final de ano, a morte de entes queridos deixa de ser uma ideia, a morte se materializa.

Sim, se materializa. Na ausência de alguns na mesa posta para ceia. Na carga de sentimentos como saudade, recordação, arrependimento, compaixão, apego, paz, amor, alegria, tristeza, compreensão, tolerância, intolerância, solidariedade, medo, angústia, ansiedade,piedade,ressentimentos, perdão, raiva, ódio,compaixão,  gratidão…

Essa lista de sentimentos é infinita porque se trata das vivências terrenas. Caro leitor(a), o acréscimo de sentimentos fica por conta do que se leva no coração e na alma. Depende de sua postura no mundo. De sua religiosidade ou de seu ateísmo. Do crescimento espiritual e intelectual. De seu posicionamento político. De sua classe social.  De sua dimensão humanista ou não… A lista é cheia de antíteses. Porque vida e morte é a antítese mais verdadeira que existe.

Vejo amigos e amigas vivendo essa antítese de várias formas.Eu também. Há quem perceba a morte como processo da própria existência dos seres nesse plano. Para esses, a morte é um até logo.  E , há aqueles que compreendem a morte como perda. Ambos, diante do inevitável fato, sentem ao seu modo.  A dor do adeus ou do até logo não se mede.

Sabedores disso é que a corrente do “meus sentimentos”, “sinto muito”, “paz e luz” , “abraço fraterno” e “gratidão” se intensificou. A morte, provocada pelo vírus mundial e letal, despertou muito isso. Há um sentimento de injustiça que circula nesse evento, devido principalmente pelas desigualdades econômicas dos povos. A humanidade tende a se materializar, pois nos descobrimos o quanto de desumanidade carregamos . É uma tendência. Que bom.

A melhor atitude notada nos últimos tempos, em relação à antítese VIDA x MORTE , é o exercício da gratidão. E não é aquela palavra ao vento, dita de qual quer forma, é sentimento verdadeiro a quem fez a passagem. O melhor conforto é pensar no ente querido com o coração grato em ter a a oportunidade de conviver. Acertar e errar. Aprender ou não. Amar ou não.                                                                                  Portanto, celebremos a vida! Qualquer vida. De todos os seres vivos de nossa convivência.

Para finalizar esse post de forma carinhosa, diante de um tema não tão” leve”como a morte, resgato um fato ocorrido com uma prima.

Por ocasião da morte de parente de uma amiga, ela foi ao velório. Como o falecido não fazia parte de seu convívio, sequer o conhecia, tampouco seus familiares, exceto sua amiga,sua mente não estava focada no passamento, ao chegar na sala mortuária se dirigiu a pessoa que estava próximo ao caixão, estendeu a mão para o cumprimento e soltou um sonoro: PARABÉNS!!

Constrangimento total.

Hilário o fato. Mas trago a reflexão: – Por que não dizer parabéns?

Afinal, a vida merece um  p a r a b é n s.

 

 

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O Casaco Vermelho

1 de novembro de 2021 by Marta de Fátima Borba 3 Comentários

 

O casaco vermelho é, nesse post,  o protagonista que revela uma história,  digamos, vermelha!

1970 era o ano. Eu tinha dez anos.

Inicio da mecanização das lavouras no Rio Grande do Sul.

Meu pai continuava com o plantio manual. Dedicava-se a remover as pedras de uma parte da lavoura, formando taipas e preparando o solo para ser arado com trator e poder mais tarde colher com colheitadeira. Em 1972,  comprou financiado pelo Banco do Brasil uma trilhadeira a “vencetudo” da SLC.

Foi a sensação! Vi o contentamento de meus pais e irmãos. Enfim, uma máquina para a lavoura . Esperança de obter um pouco mais de lucro com a colheita.

AH, as colheitas! Na época, a classificação do trabalhador rural da nossa região era o pequeno agricultor e e o granjeiro forte . Meu pai pertencia ao primeiro grupo. Cercado pelos lindeiros do segundo grupo. Portanto, dependia muito do maquinário deles. Precisava esperar o granjeiro colher toda sua lavoura para depois  colher a lavoura dos  pequenos agricultores. A espera era angustiante.

Presenciei muitas vezes a angústia de meu pai na iminência de perder seu produto, devido às chuvas e às enchentes frequentes. Os grãos apodreciam. As colheitadeiras, nem sempre reguladas, colhiam impurezas junto com os grãos.

As tais impurezas nos grãos era a dor de cabeça de meu pai , quando finalmente conseguia entregar a produção para dois grandes compradores, os únicos da região, temia o desconto das tais IMPUREZAS. Era o cartel do grão. Bem mais tarde surgiram as cooperativas. Rompeu o cartel. Hehehehe… criou-se outro!!!

IMPUREZAS? São elas, que farão o leitor  encontrar, nesse post, enfim, o casaco vermelho!

Terminada a colheita, produto entregue .  Meu pai ia a cavalo até o vilarejo, ou por vezes, ia de carroça puxado por dois cavalos,assim era possível levar meu irmão , que ia bem faceiro para a vila, onde ficava a loja comercial ltda. Trazia de lá, lata de querosene, saco de farinha, de açúcar e rolos de tecidos , que eram transformados em camisas pelas mãos de fada da irmã costureira.

Desta feita, volta ele com pouca coisa na mala de garupa. Cinco quilos de açúcar e um embrulho pequeno.

Sentou-se num banco rústico, que ele se dizia dono, esse é meu banco! Na sua ausência, disputávamos o assento. Lembro-me do seu rosto, nessa oportunidade, mais sério do que do costume, chamou me para seu colo. Corri faceirinha ao encontro do embrulho que ele me estendia. Abri. Era um tecido de lã,  vermelho. Aos meus olhos, pareceu vermelho brilhante.

_ É para você ! A Terezinha vai costurar um casaco bem chique!Vai precisar de forro, mas  ela ajeita um. Minha irmã Terezinha fez o casaco. O melhor casaco que já vesti em toda minha vida. O casaco vermelho.

Ouvi quando meu pai disse para minha mãe:

_ Acertei lá. Deu muita impureza nas sementes. Fiquei devendo. Trouxe o açúcar e o tecido para o casaco da Marta.

Meu pai ficou no vermelho, mas assegurou minha alegria e o abrigo para os dias de frio com o casaco vermelho. Usei-o, até as mangas encurtarem e os braços alongarem. Alongada, ficou também minha consciência.

O casaco vermelho me proporcionou a primeira tomada de consciência de classe.

A partir daí, descobri que há mais impurezas nesse mundo que se possa imaginar. Principalmente na vida dos trabalhadores desse país!

 

 

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