A sensação da população mundial, nesse momento de pandemia, é de que todos estão num barco à deriva.
À deriva sim! Porém, não no mesmo barco.
À deriva porque não se tem vacina para exterminar o vírus.
Tempo de Leitura: 1 min
A sensação da população mundial, nesse momento de pandemia, é de que todos estão num barco à deriva.
À deriva sim! Porém, não no mesmo barco.
À deriva porque não se tem vacina para exterminar o vírus.
O período de isolamento social devido à pandemia da Covid 19 tem trazido boas lembranças.
O vinho é o melhor companheiro para bons recuerdos. Na vitrola, uma trova de bom cancioneiro…e à memoria, vem vindo, depasito os bons causos.
O dia é longo, a noite é ainda mais, em tempos de pandemia. Espaço fértil para as memórias.
Menino de família humilde, que cedo compreendeu o que é dar duro na vida. Assim se descreve meu amigo de parlas e copos de vinho.
Diferenciava-se pela alta habilidade de raciocínio lógico. Muito criativo. Características que o conduziram a vida toda.
Conta, com o olhar de menino levado que habita em sua alma, que sua criatividade causava ciúmes nos primos pertencentes a famílias em melhores condições financeiras. Era onde se destacava.
Primeiro gargalhadas. Depois o relato.
Com o dinheiro escasso na família, escasso também era a vestimenta para os moleques.
Entre um gole de vinho e uma boa risada, meu amigo descreve a forma como lhe vestiam.
Na época, os mantimentos como arroz, feijão, farinha eram comprados em sacas de 10 kg, 15 kg. Principalmente a farinha. Comprada no moinho.
A farinha vinha num saco feito com tecido de algodão. Nesse saco, estava impresso o nome do moinho, em letras garrafais, geralmente em vermelho forte. Espécie de carimbo: MOINHOS RIOGRANDENSES.
Para que o leitor saiba o motivo do causo ser contado entre pausas para as risadas, lá vai.
O tecido do saco de farinha era aproveitado, reutilizado na linguagem ambientalista de hoje, para calções para a gurizada, cuecas e calcinhas para os adultos.
Mas não havia sabão ou até mesmo a soda, muito usada para a lavagem de roupas, que fosse capaz de remover os letreiros.
E assim, no calção do nosso contador de histórias, ficava estampado no traseiro o logotipo MOINHO RIOGRANDENSE.
Estava,portanto, garantida a publicidade do moinho. E gratuita…
Mais risos, quando narra o presente do padrinho: um par de botas.
Ai o traje ficou completo. De calção e botas se tornou um gaúcho.
Revela que o padrinho pegou barbante que se costurava as bordas de sacas de estopas para medir seu pé e encaminhar as medidas ao sapateiro.
Seus olham são de um brilho intenso, quando descreve seu sentimento diante das botas,sobre o balcão da farmácia de seu padrinho. Lá estavam elas, me esperando. Ali nascia mais um gaúcho de fato.
Nem para dormir tirava as tais botas. Mesmo com a insistência da mãe. Aquele par de botas, é para mim, o símbolo dos passos firmes que segui pela vida a fora, completa ele , com o rosto sereno.
Mais uma taça de vinho. Mais uma memória.
” Sou da cidade de Redentora na região do alto Uruguai, no Rio Grande do Sul, Brasil.” A cidade recebia seguidamente circos. Diversão garantida para a gurizada.
Quando o circo ia embora aflorava a criatividade do menino das calças curtas.
Montava seu próprio circo. Às meninas ficam incumbidas de cada uma trazer um lençol. A armação já estava pronta com galhos de timbós, tipo de árvore com caule relativamente mole, fácil de cortar.
Todos os números circenses devidamente imitados. Trapézio. Globo da morte. Palhaçaria. Até mesmo tourada.Ele era o apresentador. ( hoje não teme um microfone…) Para tal, trouxe um terneiro, nem sabia de qual vizinho. Resolveu montar no animal. Eis que o terneiro disparou e o circo foi ao chão.
Na vida, muitos circos são montados. Nem todos são para entretenimento.
E a conversa com o menino de calças curtas se encerrou. Para entrar na conversa, um homem preocupado com o rumo do nosso Brasil, que se parece com menino vestindo calças marcadas. Com letreiros MADE IN CHINA. USA.
A garrafa de vinho, pousa sobre a mesa, vazia.
Nessa pandemia mundial, a valoração da vida está no topo da cotação da bolsa de valores.
Deveria estar mas infelizmente não é verdade a assertiva acima.
Quanto vale uma vida?
Para um neto, a vida de seus avós o valor é imensurável.
Para um filho, a vida dos pais o valor é imensurável.
Para os pais. a vida de seus filhos o valor é imensurável.
Para os sobrinhos, a vida da tios -avós o valor é imensurável.
MAS…
Para governos nefastos, representantes do capitalismo, não tem valor nenhum.
Ficaram desmascarado os mascarados. As máscaras caíram…
Os hospitais sem estrutura adequada para salvar vidas.
Médicos formados para lucrar e não para salvar vidas.
Discursos políticos vazios.
Empresas salvando CNPJ e matando CPF…
Comunidades com mais de cem famílias sem acesso à água …
Moradias inadequadas para o isolamento de contaminados. Idosos e crianças totalmente desprotegidos…
Populações morando nas ruas…invisíveis. E que de uma hora para outra tornaram-se visíveis porque podem transmitir o vírus…e afundar o “titanic” mesmo para aqueles que já estejam de posse de botes salvas-vida.
Conversa fiada como ” Estamos no mesmo barco “. De jeito nenhum, titanic nos revela a verdade, não havia salvas-vida para todos.
Não há respiradores para todos.
“A vida anda junto com a morte” diz uma representante do governo federal, tentando naturalizar as mortes pela pandemia.
Passamos a Páscoa distanciados de parentes e amigos.
Passamos o dia das mães distanciados…mães sozinhas…avós sozinhas…
Como o distanciamento humano tem sido a melhor estratégia para diminuir a chance da proliferação do vírus,para os que dão crédito à ciência essa estratégia tem salvado vidas.
Porque vidas tem valor. NÃO PREÇO.
Porque vidas fazem a história da humanidade neste planeta.
E a história precisa muito da vida de seus anciãos .
Eles foram e são construtores dos pilares dessa humanidade.
Nos últimos dias, verificamos uma colheita de vidas.
Essas vidas seifadas devem servir para muitas lições.
Lições para governantes e governados.
Lições para ateus e para crentes.
Ou se aprende ou logo ali, a história se repetirá.
Essa pandemia é a chance derradeira para o mundo se reciclar.
Comecemos pela reciclagem do coração .
