Analisei o discurso político do período eleitoral pelo uso constante do pronome pessoal Nós.
– Nós faremos….nós planejamos….nós fizemos…..nós pensamos…nós recebemos…
Os representantes de partidos políticos usam muito o pronome NÓS em suas narrativas. A grosso modo, estariam se referindo às pessoas de suas agremiações políticas. Ao ideário a que pertencem. Será?
A organização política partidária do Brasil remete-nos à leitura implícita de quem realmente faz parte desse sujeito ou sujeitos marcados pela marca desinencial ( faremos. projetamos, queremos, disputamos…)
Seriam as empreiteiras? Grandes grupos empresariais? Alguns coronéis ? Algumas empresas estrangeiras ? Financiadores de milionárias campanhas eleitorais. Supostos sujeitos que ocupam lugar no pronome pessoal Nós.
Gostaria muito que o sujeito desse lugar fosse ocupado pelo povo. Quem realmente faz. Constroi. Fabrica. Produz. Cria. Transporta. Ensina. Cura…
Mas o projeto político do” Nós” deixa na clandestinidade os sujeitos reais da história.
Desde a construção da Babilônia antiga, do templo do rei Salomão até as babilônias e templos contemporâneos os reais construtores são anônimos.
_ Nós estaremos em contato permanente com as vilas,com os bairros, com toda a comunidade durante todo nosso mandato. Afirma o candidato, que inclusive foi o vencedor, no entanto o cenário dessa gravação é sempre a praça central da cidade.
Quem sabe ler palavras e imagens, e nem não precisa ser profissional da semiótica, entendeu para quem ele de fato governará.
O sujeito do verbo desinencial faremos, dialogaremos, atenderemos tem lugar definido,tem raça definida, tem classe social e, infelizmente, não me vejo inclusa, tampouco a maioria dos sujeitos.
Somos apenas uma marca desinencial que a gramática normatiza o discurso político.
Infelizmente, normatiza parcialmente os direitos do sujeito nós.
PS: Nós, aqui do bairro, não temos saneamento básico, tampouco rede fluvial.
ASSINA: SUJEITO EU SEM O ” NÓS ”

