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Ditos e Não Ditos - By Martinha de Fátima Borba
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O Costelinha, uma historinha de amor e gratidão!

10 de junho de 2022 by Marta de Fátima Borba Nenhum comentário

O ano era 2013. Inverno chuvoso e frio. Na volta do trabalho, encontrei-o. Nossos olhares se cruzaram, os dele tímidos e medrosos, os meus apressados com as lidas da vida. Seu jeito de andar me chamou atenção.

Com uma perna encolhida em forma de caracol junto à barriga, quase inexistente,  deveria ser barriga, mas se via apenas pele e ossos das costelas. A princípio  parecia estar com pata ou perna quebrada. Exitou, por um momento me acompanhar.

Mas nossos olhares humano e canino se cruzaram. Os caminhos se cruzaram.

Timidamente me seguiu. Uma figurinha de quatro patas, branco com umas manchinhas pretas indefinidas.

Cheguei em casa, abri o portão e ele, demorou para chegar. Ali ficou, encolhido. Uma bolinha de osso e pouca carne.

Levei até ele água e um pedaço de pão molhado no leite. Engoliu o pão sem mastigar como imaginei.

Ficou ali, como a dizer: – Mereço, mais dona Humana.

Almocei. Fiz um pratinho para ele, tipo marmita!!! Devorou em segundos.

Ao final da tarde. quando retornei à casa, lá estava ele, lépido, faceiro, pata no chão, sem sinal de machucado.

Descobri então, que segurava a perna junto à barriga para diminuir a dor da fome. Apertava o estômago e comprimia o possível para não doer. A dor da fome é cruel. Crueldade que humanos praticam sem escrúpulos.

Enquanto escrevo a história de um cão faminto, o noticiário traz  a triste realidade brasileira, mais de 36 milhões de brasileiros estão  com insegurança alimentar, um eufemismo para  falar de fome. A fome que  dói até as costelas!!!

O cãozinho era apenas mais um dos incontáveis cães abandonados à margem de uma rodovia de alta velocidade. Abandonados com fortes intenções de matá-los de fome ou atropelados. Ao menos que sejam acolhidos. O Costelinha teve sorte. Esse foi o nome que lhe dei. Era possível ver suas costelas, tamanha a magreza.

No entanto, como morava em casa de aluguel, o dono não permitia cães no pátio.

Como proteger Costelinha? Do frio? Da chuva? E da maldade humana?

Passou uma semana camuflado na pequena área externa da casa. Chegou o inverno e com ele chuvaradas. Um vizinho, de profissão bombeiro e alma bondosa doou uma lona preta e fizemos uma casinha improvisada. Durou uma semana a casa.

Uma tarde, quando retornei do trabalho, a ordem de despejo tinha se cumprido. Com a casa demolida e para fora do portão lá estava, Costelinha, desabrigado novamente.

Na época, estava diretora de escola, achei uma alternativa. Levei o Costelinha para morar na escola.

A vida dele se tornou alegre. E alegre ficou a criançada! Estava adotado por muitos.

Costelinha passou a ser o mascote da escola. Guardião!

Quando houve furto do motor do portão da escola,encontrei-o na manhã seguinte agitado, latindo muito, pulando como a querer relatar a presença dos desconhecidos.

Passaram se dois anos. Costelinha cresceu. Cresceu livre. Ganhava presentes como boa ração, banho de pet, casinha nova, cobertor novo…e o que mais gostava quando soava a campainha do horário do recreio. Criança feliz. Cãozinho mais ainda.

Veio o término da minha gestão escolar. Com ele o fim do ciclo do Costelinha na escola.

Ele se tornara um cachorro de porte grande. Eu  mudaria para um apto, cujo prédio não aceitava cães com suas características.

E como privá-lo da liberdade?

Muitos o queriam. Mas ele escolheu a colega Miriam.

Vive hoje num pátio com mais dois amigos.

Nunca me esqueceu. Sempre que passo em frente seu portão vem me cumprimentar. Lambe minhas mãos como eterno agradecimento. E, olha, já se passaram sete anos!!!

Aprendi com ele o que é gratidão de verdade.

*Espero que os brasileiros não tenham esquecido que é possível reverter o quadro de miséria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Mãinhas! O universo é delas.

6 de maio de 2022 by Marta de Fátima Borba Nenhum comentário

Vem ai o mês das mães. Dedicado às mulheres mães. Então é mês dedicado a todas as mulheres. Porque todas nós somos mães de filhos e filhas pelo mundo afora. Toda mulher viveu esse papel em algum momento , mesmo que não tenha passado pela gestação e parto.

É mês da mãe, mamãe, mama, maezinha e da mãinha!!!!

Mãinha soa tão lindo pelos filhos  habitantes da região nordeste do Brasil.

Na palavra   mãinha, o sufixo inha não denota apenas o sentido diminutivo. São sentidos diversos. De carinho. De amor. De gratidão, sobretudo.

A palavra mãinha soa como o sinônimo mais genuíno de respeito e admiração.

O filho e a filha que assim denominam suas genitoras, dificilmente seus nomes circulam nas narrativas de violência doméstica. A mãinha é a deusa em suas vidas.

Observo entrevistas de filhos,  famosos ou não, da região nordeste do Brasil, ao agradecer pessoas por eventuais conquistas na vida, a primeira a ser ovacionada é a mãinha. Dá um orgulho danado dessa mulher mãinha.

Quem é essa mulher mãinha?

A palavra pode ser um neologismo do regionalismo nordestino. Mas com sentido grandioso que ultrapassa qualquer gramática de fala. É mais que um vocativo do uso da linguagem popular. É adjetivo para a mulher de garra, de persistência, de valentia, de sofrência, de amorosidade, de sororidade…É  também substantivo comum, concreto.

Mãinha é rocha. Mãinha é areia.

Rocha quando se faz necessário firmeza na educação da prole. Areia, quando ensina sobre as fragilidades da dimensão humana, principalmente quando é mãinha solo.

E como há mãinha solo nesse Brasil!! 37 por cento das mães brasileiras são mães solo.

É mãinha solo quando o companheiro a abandona ou ela sabe que é melhor seguir na vida de forma solo, do que não ficar viva.

É totalmente mãinha solo quando o estado não proporciona políticas públicas para atendê-la em seus direitos básicos.

É mãinha solo quando lhe é negado pelo sistema patriarcal, o direito de ser o que quiser ser. Inclusive em não querer ser mãinha.

Para as mãinhas que já viraram estrelinhas muita luz! Para as mãinhas que estão nesse plano, na luta diária para criar seus filhos, principalmente àquelas que dormem com fome,àquelas que estão no escuro dos bunkers no território bélico desejo toda a energia boa do universo.

O universo é das mãinhas. Sinto-me assim.

Um dia ainda haverão de me chamar por esse codinome.

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Em tempos de digital influencer!!!

12 de abril de 2022 by Marta de Fátima Borba Nenhum comentário

Sou da era analógica. Não estou mais lá. Ou pelo menos tento viver o aqui e o agora , a era digital.

Sair da zona de conforto é o imperativo de vida atualmente.

Não entrar na era da inteligência artificial é ser duplamente rejeitado, no meu caso primeiramente pelo etarismo, segundo pela condição de ser analógica.

No entanto, na condição de analógica tenho uma leve vantagem sobre quem é nascido na era digital. Nessa condição, é possível focar em duas direções e tempos distintos, o que facilita refletir sobre vivências díspares entre os dois tempos.

Por exemplo, no tempo analógico, a influência comportamental vinha dos pais, dos avós, dos tios, dos vizinhos, dos professores, dos padres e…alguns pastores e  de alguns políticos,” todos bem intencionados”, de raros artistas, aqueles que a mídia impressa elegia para publicitar a arte, geralmente oriundos da elite econômica e cultural. Basicamente esses atores sociais norteavam o cotidiano da sociedade.

Com o advento das redes digitais, velozmente a informação começou a circular e a quebra no paradigma da comunicação de massa foi inevitável. As pessoas começaram a produzir conteúdos. E a monetização de conteúdos encontrou um nicho de negócios inesgotável, por isso o maior influenciador dessa era digital é o monstro chamado mercado.

Refiro me ao mercado com o conhecido adágio da esfinge ” ou você me decifra, ou te devoro”.        As pessoas passaram a enfrentar a esfinge. Ao tentar influenciar deixa- se de ser somente o influenciado. Nesse jogo, abriu-se espaço para uma nova profissão, o digital influencer.

Como o patrão é o mercado, todo tipo de produto virou conteúdo. Praticamente se acirrou a guerra entre o ter e o ser.

Encontramos nas redes digitais, o digital influencer que dissemina conteúdos do amor, da paz, da saúde física e mental, do cuidado com o”‘outro” na dimensão da empatia. Entretanto, nesse mesmo espaço também se instalou o conteúdo do ódio, da intolerância pela raça, pelo gênero, pelo credo, pela condição social, pela ideologia, pela arte da periferia…tampouco os esforços que a legislação tem feito para coibir essas práticas tem tido resultado positivo.  A internet é um campo minado.                                                      Os digitais influenciadores ganham dinheiro, ficam milionários vendendo conteúdos , se especializando em marketing digital, em estratégias e relacionamentos de redes.                                                                              Não haveria problemas no novo jeito do mercado se renovar, há quem denomine nosso tempo como nova revolução tecnológica,pois evoluir é verbo presente conjugado pela humanidade desde a descoberta do fogo e da roda. O que causa estranhamento nessa evolução é a conduta desumana.

A profissão de digital influencer, como qualquer profissão, precisa de um conjunto de habilidades. Uma   delas é o acesso às ferramentas tecnológicas, bem como o domínio , coisa que as gerações digitais o fazem muito bem. Como o serviço visa público-alvo de diferentes idades, de interesses variados, há profissionais que se especializam e oferecem cursos de gerenciamento de rede sociais, de criação de conteúdos.Nem sempre a ética entra como conteúdo ou no conteúdo. Eis um problema.

Não é à toa que durante a pandemia o setor que mais empregou foi o da informática. Com o mercado exigindo novos modelos de relacionamento comercial,  o digital influencer está em alta.

Ele aparece de todas as formas, dando up na carreira artística, nas vendas de tudo o que se imaginar, ditando comportamentos. Diferentemente do” núcleo familiar influence” de antigamente, agora a influência  é sem fronteira.

E com porteiras abertas para todo tipo de conteúdo, os que edificam e os que provocam ruínas.

Nesse contexto, estão numa ponta  crianças e  jovens em formação e na outra pais e educadores com a tarefa de educar para o bem, com conteúdo do bem. Há muitas crianças digital influencer já com vida financeira resolvida, afinal nasceram na era digital.  Ótimo.                                                                                  Basta, agora, conquistarmos a democracia e a igualdade social também nesse mundo virtual.

_Tem coisas nesse mundão de Deus! Como dizia meu pai,

era digital

markusspiske 

se referindo às coisas da evolução. Caso vivo fosse, estaria completando 108 anos, sabia ele que esse mundo é mesmo mundão…

 

 

 

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