Abandonar o velho numa sociedade excludente não é novidade.
A era digital, na qual vivemos, abandonou-se tantas coisas: telefone fixo, telefone de rua, o orelhão, relógio de pulso, relógio de parede, calendário impresso, rádio de pilhas, computador de mesa,telefone público, calculadora, antena parabólica, Cd’s, Dvd’s, disco vinil, fita cassete, bússola…algumas coisas na lembrança do momento. O telefone celular, um único objeto, dá conta de tudo da lista.
São coisas, apenas.
Fazem parte da história de mulheres e homens.
A história da humanidade se faz com seus feitos,muitos deles substituíveis, outros insubstituíveis como a descoberta do fogo e a invenção da roda. São invenções básicas da evolução humana.
A roda girou o mundo, girou a vida da humanidade. Inegável. O nome de quem conseguiu tamanha façanha é desconhecido na história. Desconhecidos e desconhecidas são a maioria da massa humana responsável por toda construção e invenção que existem. A maioria se torna invisível ou é invisível por toda vida.
Nessa massa humana, estão os idosos.
Esquecidos, negligenciados.
Na sociedade do descarte, os idosos tentam provar o quanto são necessários para a base das novas gerações.
São fogo, são roda. Não dá para negar essa base.
Mas a sociedade do consumo nega essa importante contribuição de quem já perdeu a vivacidade.
De forma dissimulada ou nem tanto, atribui aos idosos um gasto ao Estado. Nega-se o saldo positivo de uma vida toda de trabalho braçal e cognitivo de toda uma população.
Há reações a essa situação. E o etarismo está considerado crime.
Recentemente no período eleitoral, houve episódio com candidato jovem que usou de forma subliminar a idade do opositor como sinônimo de falta de vivacidade , como falta de memória recente, como agente público ultrapassado. Deu certo a estratégia eleitoreira. Desleal. Criminosa.
Os eleitores avaliavam bem o candidato mais velho, respeitavam sua trajetória na vida pública, mas o etarismo venceu. Optaram pelo candidato midiático, “a moda da vez”.
Na política, como em todas as esferas da vida, se não tiver essência no projeto escolhido, haverá menos vitoriosos e mais perdedores. E, a essência a que me refiro, é a sabedoria do mais velho.
Aliada aos novos saberes, a roda e o fogo farão sempre o mundo evoluir.
Conexão indispensável : velho|novo. Novo|velho.
Por uma conexão dual respeitosa.
Haveremos de construí-la. Por ações lindas . E a palavra ETARISMO será para sempre feia.