A cultura de um povo é mutável. Ainda bem.

Há quem cultive velhas tradições, velhas crenças mas o novo chega com força, com vitalidade e aos poucos muitas coisas são esquecidas nos baús das memórias.                                                                                Nesse post, recordo uma prática familiar nada edificante. Não para as crianças.

É  do conhecimento de todos que a fase da vida conhecida por infância é criada e defendida há um século. Não havia tratamento específico para as crianças, vestiam -nas com o modelo das vestimentas dos adultos.A alimentação, fora o leite materno, era também similar a do adulto.

Criança não se mete em conversa de gente grande! Bastava um olhar de um adulto pai, mãe, avó, tia a criança sabia que devia se retirar do ambiente dos adultos. Há, quem  lembre disso com sentimento saudosista, diante do desafio de conviver com as crianças contemporâneas.

As crianças contemporâneas disputam o mesmo lugar de fala do adulto. Conquista importante considerando a infância que foi calada, subestimada como ser inferior, não dotada de sabedoria.

Cabe o adulto ter maturidade suficiente para compreender as necessidades primárias de uma criança e que vai além de alimentar, de vestir, de dar um teto, cuidar da saúde, ela precisa crescer sabendo lidar com medos, frustrações, não pode ser criada numa bolha. Tampouco, largada a sua sorte.

Se faz necessário falar em infâncias. No plural. Crianças cuidadas. Crianças descuidadas.

A prática  há menos de meio século,  recorrente nos núcleos familiares, era guardar o melhor alimento para oferecer às visitas.

Conta-me um amigo que odiava as visitas. Além da ordem de deixar o ambiente livre para os adultos, havia uma culinária específica, um cardápio especial para ofertar aos visitantes. Revela ele, que os alimentos eram escassos para a família ao ponto de passarem fome, mas a mania de deixar o melhor para os outros, colocou no seu coração sentimento de injustiça.

Por que não compartilhar?

Era a ostentação da época.

Na minha casa, havia uma lata de bolachas caseiras destinada às visitas, mas tínhamos à mesa porções das mesmas bolachas, assim era com a pessegada, com a marmelada…o que não cabia às crianças da casa se servir antes das visitas. A vontade era contida com o olhar da mãe. Senão, vinha aquela velha e nova advertência, essa não sai de moda “DEPOIS NÓS CONVERSAMOS”.                                                        Felizmente, as crianças tomaram um importante lugar  no mundo. São elas, que muitas vezes, ensinam aos adultos como conduzir o leme desse “Navio Mundo” . Não é à toa a fala do mestre Jesus Cristo ” “deixai vir a mim as criancinhas” .

Elas são verdadeiramente as melhores visitas.

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Escrito por Marta de Fátima Borba
Seguir meu coração foi minha melhor escolha. Sou corajosa. Quero melhorar a cada dia, porque sei que não estou pronta. Preciso evoluir. O que faço ou aquilo que me acontece, tem o poder de mudar meu humor, mas como vou reagir a isso, eu decido de maneira consciente!