Sou da era analógica. Não estou mais lá. Ou pelo menos tento viver o aqui e o agora , a era digital.
Sair da zona de conforto é o imperativo de vida atualmente.
Não entrar na era da inteligência artificial é ser duplamente rejeitado, no meu caso primeiramente pelo etarismo, segundo pela condição de ser analógica.
No entanto, na condição de analógica tenho uma leve vantagem sobre quem é nascido na era digital. Nessa condição, é possível focar em duas direções e tempos distintos, o que facilita refletir sobre vivências díspares entre os dois tempos.
Por exemplo, no tempo analógico, a influência comportamental vinha dos pais, dos avós, dos tios, dos vizinhos, dos professores, dos padres e…alguns pastores e de alguns políticos,” todos bem intencionados”, de raros artistas, aqueles que a mídia impressa elegia para publicitar a arte, geralmente oriundos da elite econômica e cultural. Basicamente esses atores sociais norteavam o cotidiano da sociedade.
Com o advento das redes digitais, velozmente a informação começou a circular e a quebra no paradigma da comunicação de massa foi inevitável. As pessoas começaram a produzir conteúdos. E a monetização de conteúdos encontrou um nicho de negócios inesgotável, por isso o maior influenciador dessa era digital é o monstro chamado mercado.
Refiro me ao mercado com o conhecido adágio da esfinge ” ou você me decifra, ou te devoro”. As pessoas passaram a enfrentar a esfinge. Ao tentar influenciar deixa- se de ser somente o influenciado. Nesse jogo, abriu-se espaço para uma nova profissão, o digital influencer.
Como o patrão é o mercado, todo tipo de produto virou conteúdo. Praticamente se acirrou a guerra entre o ter e o ser.
Encontramos nas redes digitais, o digital influencer que dissemina conteúdos do amor, da paz, da saúde física e mental, do cuidado com o”‘outro” na dimensão da empatia. Entretanto, nesse mesmo espaço também se instalou o conteúdo do ódio, da intolerância pela raça, pelo gênero, pelo credo, pela condição social, pela ideologia, pela arte da periferia…tampouco os esforços que a legislação tem feito para coibir essas práticas tem tido resultado positivo. A internet é um campo minado. Os digitais influenciadores ganham dinheiro, ficam milionários vendendo conteúdos , se especializando em marketing digital, em estratégias e relacionamentos de redes. Não haveria problemas no novo jeito do mercado se renovar, há quem denomine nosso tempo como nova revolução tecnológica,pois evoluir é verbo presente conjugado pela humanidade desde a descoberta do fogo e da roda. O que causa estranhamento nessa evolução é a conduta desumana.
A profissão de digital influencer, como qualquer profissão, precisa de um conjunto de habilidades. Uma delas é o acesso às ferramentas tecnológicas, bem como o domínio , coisa que as gerações digitais o fazem muito bem. Como o serviço visa público-alvo de diferentes idades, de interesses variados, há profissionais que se especializam e oferecem cursos de gerenciamento de rede sociais, de criação de conteúdos.Nem sempre a ética entra como conteúdo ou no conteúdo. Eis um problema.
Não é à toa que durante a pandemia o setor que mais empregou foi o da informática. Com o mercado exigindo novos modelos de relacionamento comercial, o digital influencer está em alta.
Ele aparece de todas as formas, dando up na carreira artística, nas vendas de tudo o que se imaginar, ditando comportamentos. Diferentemente do” núcleo familiar influence” de antigamente, agora a influência é sem fronteira.
E com porteiras abertas para todo tipo de conteúdo, os que edificam e os que provocam ruínas.
Nesse contexto, estão numa ponta crianças e jovens em formação e na outra pais e educadores com a tarefa de educar para o bem, com conteúdo do bem. Há muitas crianças digital influencer já com vida financeira resolvida, afinal nasceram na era digital. Ótimo. Basta, agora, conquistarmos a democracia e a igualdade social também nesse mundo virtual.
_Tem coisas nesse mundão de Deus! Como dizia meu pai,
se referindo às coisas da evolução. Caso vivo fosse, estaria completando 108 anos, sabia ele que esse mundo é mesmo mundão…
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