Trinta anos de magistério na escola pública.  Trinta anos. Quantas oitocentas horas? Quantos duzentos dias letivos? Planejamentos, dentro desse tempo todo ?Quantas turmas? Em média 25 alunos em cada turma, é gente. Muita gente. Muita dedicação e amor pela maior profissão do mundo. E tão pouco valorizada financeiramente no nosso país. O que dizer, ao finalizar a carreira?Esse poster é uma solicitação de uma colega, como poucas que convivi. Uma profissional obstinada pelo fazer pedagógico. Uma artista. Uma guerreira  que desabafa no final de sua carreira. Um desabafo, entre o sentimento de dever cumprido, mas que ao mesmo tempo encerra as atividades relatando que em trinta anos nunca teve uma sala de artes. Trabalhou sempre com o mínimo de condições para realizar plenamente suas habilidades.

Enfrentou, de fato, o que significa viver no estado mínimo, na falta de recursos financeiros.Na trincheira da falta de investimentos na educação. No descaso intencional de governantes com a educação pública.

Relata, a professora de Educação Artística, que não foi raro as vezes que patrocinou materiais para suas aulas. Os materiais alternativos foram usados imensamente. Bravo!!! O planeta agradece pelo reaproveitar, pelo reciclar, pelo reutilizar… Sabe, ela, que o acesso aos bens culturais é para poucos, pouquíssimos. Nessa trajetória, ficou a desejar as idas aos museus, às exposições de arte, aos shows musicais, teatrais…Faltaram os instrumentos musicais, tintas, telas, até lápis de cor e folhas, o básico. Só não faltaram a garra, a persistência, a dedicação , a criatividade, a ética e o senso de responsabilidade na formação de cidadãos.

O diário de bordo da professora é repleto de notícias boas de tanta gente que auxiliou na formação. É repleto de boas experiências   educacionais que deram certas, apesar  dos ERROS governamentais. No fechamento dessa linda trajetória, se depara com mais um grave erro do atual governo, a retirada das disciplinas de Filosofia, Sociologia e Arte do currículo do Ensino Médio.

No diário de bordo da professora, registra-se o repúdio aos tecnocratas que teimam em eliminar  a alma artística de um povo. No diário de bordo da professora, registra-se a denúncia,

mas não a resignação, deixa-nos um legado de luta e de esperança. “Eles passarão.  Ela  e sua ARTE, passarinho. VIVA  a Elisa Maria Pasinato. Uma professora artista!!!!!!!

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Escrito por Marta de Fátima Borba
Seguir meu coração foi minha melhor escolha. Sou corajosa. Quero melhorar a cada dia, porque sei que não estou pronta. Preciso evoluir. O que faço ou aquilo que me acontece, tem o poder de mudar meu humor, mas como vou reagir a isso, eu decido de maneira consciente!