O escritor Eduardo Galeano, autor do O Livro Dos Abraços, narra a história de uma tribo de índios que realiza um campeonato, é o vencedor aquele que jogar montanha abaixo o maior número de pertences. Verdadeiro bota fora.
Desapego total. Passado, sendo passado a limpo. Revogado.
Seguir caminhos novos, requer livrar-se de bagagem pesada. Aquela que faz doer todos os ossos do esqueleto, porque esteve por muito tempo sobre nossos ombros. Livrar-se da carga excessiva é dar espaço para a novidade, para a surpresa, para o estranhamento, o que gera o desejo de seguir em frente.
E seguir em frente, por outro lado precisa de uma bagagem leve, aquilo que nos fez bem, coisas que nos remetem aos momentos felizes e algumas coisinhas não tão boas, mas que igualmente nos fizeram fortes, o suficiente para sobreviver e querer um futuro. Um futuro, capaz de refutar velharias, as quais não acrescentam mais nada.
Aprender a desapegar é um processo longo. Requer sabedoria, resiliência, perdão. Demoramos. Quiça, um dia chegaremos aos moldes de desapego dos nativos colombianos. Absolutamente libertos. Alma e coração limpos. As dores, as desilusões, as decepções sendo jogadas montanha abaixo.
Vivo esse momento derradeiro. Desapegando armários, cadeiras, pratos, toalhas… Desapegando de forma “politicamente” ou “ecologicamente” correta, doando, trocando.
Única coisa, que vai ladeira abaixo, porque moro longe das montanhas, rola todo sentimento de saudades de quem nem deveria ter entrado na bagagem de minha caminhada.
Só leva o que vale a pena! Disse-me um amigo querido.
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