Recordo a seguinte citação de Rubem Alves,( eterno sonhador de um mundo melhor para as crianças) “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas gaiolas prendem. Escolas asas fazem voar”, pela trajetória profissional na área da educação essa metáfora tão bem pensada, foi e é para mim um balizador , conforme o conteúdo e o método construí ou construo gaiolas, ou incentivei ou incentivo a criação de asas.
Refleti sobre os novos parâmetros curriculares nacionais. Será que tem o propósito de criar escolas gaiolas? O atual contexto sócio-político-econômico do Brasil exige uma nova formação de brasileiros “com asas”, que saibam voar e sobrevoar, porque gaiolas foram espalhadas de norte a sul. A não oferta obrigatória de disciplinas como Filosofia, Sociologia , importantes asas para a ação-reflexão-ação dos cidadãos e uma matriz curricular notadamente voltada para formação técnica, ou seja, preparação da mão de obra barata tudo contribui para o mercado ávido por lucros, contribui para o aprisionamento do capital intelectual do Brasil. O congelamento do orçamento para as áreas da educação e da saúde por vinte anos, aprisionou em gaiolas, a atual geração e muitas outras futuramente. Os efeitos desse congelamento já se tem nesse ano, diminuição drástica da verba para importante programa denominado Mais Educação, destinado a alunos do ensino fundamental no contraturno, a não ofertas de oficinas de xadrez, de multimídias, arte, esporte, reforço escolar, deixou milhares de filhos de trabalhadores aprisionados, sem asas, para disputar de igual para igual com o filho do patrão, uma vaga na universidade. Espalharam gaiolas. De todos os tamanhos. O sistema precisa delas.Para aprisionar um povo, basta aprisionar as palavras, porque elas são importantes asas. Sem o poder delas, dificilmente as portas das gaiolas da miséria, da ignorância, da servidão, da despolitização…serão derrubadas. Palavras? Libertá-las é a urgência.

