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Ditos e Não Ditos - By Martinha de Fátima Borba
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A caneta e a enxada. Sou enxada. Sou caneta.

29 de novembro de 2021 by Marta de Fátima Borba 1 comentário

Há uma letra de música,sertaneja de raiz ,com o nome A caneta e a enxada. Composição de Zico e Zeca e musicada por Lourenço e Lourival. Eis a letra:

“Certa vez uma caneta foi passear lá no sertão

Encontrou-se com a enxada, fazendo uma plantação.

A enxada muito humilde, foi lhe fazer saudação.

mas  a caneta soberba não quis pegar na sua mão

E ainda por desaforo lhe passou uma repreensão.

Disse a caneta pra a enxada não vem perto de mim, não

Você está suja de terra, de terra suja do chão

Sabe com quem está falando, veja sua posição

E não se esqueça a distância da nossa separação

Eu sou a caneta dourada que escreve nos tabelião

Eu escrevo pros governos a lei da constituição.

Escrevi em papel de linho, pros ricaços e pros barão

Só ando nas mãos dos mestres, dos homens de posição.

A enxada respondeu: de fato eu vivo no chão,

Pra poder dar o que comer e vestir o seu patrão

Eu vim no mundo primeiro, quase no tempo de Adão

Se não fosse o meu sustento ninguém tinha instrução.

Vai- te caneta orgulhosa, vergonha da geração

A tua alta nobreza não passa de pretensão

Você que escreve tudo, tem uma coisa que não

É a palavra bonita que se chama educação!!!”

Que canção carregadinha de verdades! Recordei um fato que vivi nos tempos da faculdade.

Um colega observou as palmas de minhas mãos e, perguntou-me:

_ Por que a palma de tuas mãos são amarelas?

Por uns instantes, fiquei calada. Tive o ímpeto de esconder as mãos. Não adiantaria.

Envergonhada, respondi cabisbaixa: – Deve ser porque corto gramas…

Não revelei que a palma de minha mão estava amarelada, porque sarava dos calos deixados pelo cabo da enxada. Neguei minha condição de roceira.

Estávamos numa roda de conversa no Diretório Central de Estudantes. Ali, estavam acadêmicos dos cursos de Engenharia, de Agronomia, de Direito, colegas do curso de Letras…eu era, ali, a enxada, eles, a caneta.

Hoje, eu responderia ao colega: Eu sou roceira!

Mas naquela época, eu queria ser caneta.

A soberba negou a minha condição de enxada.

Eu ainda não tinha escrito a palavra bonita: educação.

Quarenta anos  após esse encontro , posso dizer que sou um mix de enxada e caneta.

A enxada me ajudou ser caneta. Agora, elas vivem em harmonia.

Escreveram e inscreveram, juntas, na trilha de minha vida, a palavra bonita E D U C A Ç Ã O.

 

Tempo de Leitura: 2 min

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