Toda censura é nociva.
Alguém poderia dizer então vamos todos andar nus por ai….
Justamente quando passamos a vestir trapos sob os corpos, demos início à censura imensuravelmente .
A censura se veste de muitas formas, de muitos estilos.
Não é o fato de andar nu que causaria tanto escárnio na atual realidade , principalmente no Brasil.
Uma das vestes mais censuradas é a pele que reveste o esqueleto do homem negro, da mulher negra, da criança e do adolescente negros.
Uma das vestes mais censuradas ainda é a pele feminina.
A pele coberta por um vestido merece ganhar menos, mesmo qualificada tanto quanto ganha aquele que se veste com com terno e gravata.
A pele coberta por um shortinho não merece respeito.
A pele que reveste os seios do leite sagrado e que alimenta todo ser, recebe censura.
Corpo, rosto, olhos e alma censurados por um tecido chamado burca.
Pele do rosto enrugada pelo trabalho sol a sol. Pele das mãos manchadas pelos produtos de limpeza e calejada pelas dores do mundo…como são censuradas. Jamais terão participação no catálogo de produtos de beleza. CENSURADAS.
Sem unhas pintadas. Sem perfume e creme importados. Com cabelos mal pintados. Censuradas.
Censuradas no elevador social.
Censuradas nas universidades.
Censuradas na política e na economia.
Censuradas na pirâmide social.
Censuradas por ter a ousadia de gerar vidas. Ou seria invejadas? Por isso melhor mantê-las fora do comando. Censura à entrada e ao acesso das instâncias de poder.
À pele feminina, toda censura possível.
No entanto, a pele feminina é a própria resistência.
É a pele de Marias. De Marieles. De Anitas. De Fridas. De Chicas da Silva. De Chiquinhas Gonzaga. De Joanas . É a tua pele. É a minha pele. É a pele de minhas amigas. É a pele de minhas irmãs. Peles que se revestem da força e textura da resistência a toda forma de censura .
Neste 8 de março, dia internacional da mulher, nossa pele resistência feminina rejeita a flor ofertada sem respeito e sem amor .
#nãoénão


